04/07/2007

2007, o ano de Alex Smith

"Quando você entra nessa liga, você recebe um "tempo de tolerância". Mas no final das contas, você tem de começar a jogar, isso é o que importa."

As palavras aí em cima foram proferidas pelo QB do 49ers, Alex Smith, antes da pré-temporada do ano passado. Mas elas nunca tiveram tanto valor como agora. Desnecessário relembrar os pormenores da curta trajetória de Smith, portanto vamos nos ater aos pontos básicos.


Smith foi o primeiro jogador selecionado no draft de 2005, vindo da universidade de Utah. A classe daquele ano não era das melhores e o top 3 era composto pelo QB Aaron Rodgers, WR Braylon Edwards, além do próprio Smith. O Niners fez jogo duro até o dia do draft embora estivessem com Smith em mente desde o início. O time precisava de um QB e, embora Rodgers fosse considerado mais preparado para a NFL naquele momento, Smith era o que tinha mais potencial. Porém, muitos já previam que ele iria sofrer para adaptar-se à liga por diversos fatores.

O primeiro deles era o fato de a Universidade de Utah, então treinada por Urban Meyer (hoje treinador da Florida State) usava um sistema muito diferente da NFL. Smith alinhava-se sempre na formação shotgun, e era quase um option QB, ou seja, um QB que virava também RB dependendo da jogada. Ou seja, ele passou sua carreira universitária inteira sem pegar praticamente nenhum snap do center. Vale lembrar que a carreira de Smith no colegia resumia-se quase que completamente a entregar a bola para o RB Reggie Bush. Some-se a tudo isso o fato de Smith ter-se formado em economia em apenas 2 anos e temos um QB com um grande déficit em número de snaps em comparação com Rodgers ou qualquer outro QB universitário. Smith AINDA é o QB titular mais jovem da liga.

Entretanto, Mike Nolan sabia que tudo isso era remediável. O que ele procurava eram aquelas qualidades que não podem ser ensinadas. E as encontrou. Smith têm um braço sólido (a título de comparação, é mais forte que o de Matt Leinart), é bastante atlético e possui ótima mobilidade. Mas o que mais impressionou Nolan foram seu caráter e sua inteligência. Smith possui uma inteligência fora do comum, é um jogador querido por todos no time e é sempre o primeiro a chegar e o último a sair dos treinos.

Obviamente, nada disso adianta quando você é atirado aos leões naquele tenebroso time de 2005. Uma OL de manteiga, um RB pra lá de underachiver (Barlow) e seu WR número 1 hoje mal consegue ser o número 3 do Redskins (Lloyd). Era impossível para qualquer QB não sofrer. E Smith sofreu. Apanhou mais que boneco de judas em Sábado de Aleluia, sofreu 11 interceptações e só conseguiu seu único passe para TD no último jogo do ano, contra o Texans.

Muita gente se desesperou. A palavra bust nunca foi tão utilizada em San Fran. Smith dera o azar de ir parar logo no time de maior tradição da NFL na posição de QB. Ele sabia que teria de conviver com as sombras de Montana, Young, Tittle, Brodie e outros. Quando se trata de QBS, São Francisco não aceita nada abaixo do melhor.

Enquanto isso, Nolan e seu braço-direito Scot Mcloughan começavam a tentar melhorar a vida de Smith. Para isso contrataram o talentoso, porém problemático, WR Antonio Bryant. Se livraram dos lixos Brandon Lloyd e Kevan Barlow. Trouxeram também o G Larry Allen, futuro Hall of Famer, para ajudar na proteção do QB. Como se não bastasse, draftaram o monstro Vernon Davis, além é claro, de efetivar Frank Gore como RB titular. Se ainda não era o ideal, era um começo.

E Smith deu a resposta dentro de campo. Numa temporada com altos e baixos, é verdade, mas ainda assim à anos luz daquele horroroso ano de 2005. Abriu a temporada com 3 jogos seguidos passando para mais de 250 jardas e, depois de uma queda, fez seus 2 melhores jogos da carreira.

O primeiro foi contra o Seahawks fora de casa. Sob intensa chuva, Smith não conseguiu produzir nada até o 4o quarto, quando tomou conta da partida. Fez um passe de TD para Vernon Davis e correu para outro. Mas seu melhor momento foi sem dúvida o passe para TD para Frank Gore, quando Smith se livrou de um sack, correu para a esquerda e fez o passe na corrida. Recomendo a todos irem na seção de highlights do site oficial e ouvirem esse lance com o inigualável Joe Starkey berrando: "oh, you gotta see it to believe it"!

O segundo foi contra o Broncos, quando Smith liderou o time rumo a uma vitória emocionante na prorrogação que tirou o Broncos dos playoffs em sua casa!

Para esse ano, Nolan mais uma vez não poupou esforços. Trouxe os WRs Darrell Jackson e Ashley Lelie e draftou o OT Joe Staley assim como o também WR Jason Hill. Esse vai ser o ano dele. É preciso que Smith comece a produzir regularmente. E por "produção" não entendam 4000 jardas e 35 TDs. "Produção" em São francisco significa outra coisa. Significa vencer. Smith precisa provar que é capaz de, quando preciso, colocar esse time nas costas e carregá-lo até as vitórias.

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